Em
duas semanas, o número de sepultamentos nos cemitérios públicos da capital do
Amazonas triplicou, conforme os dados divulgados pela Prefeitura de Manaus. O
comparativo considera, por exemplo, os 39 enterros realizados no último dia
9/4, enquanto que, no último sábado, 25, foram 102 registros, um aumento de
307% em 15 dias. Durante o mês de abril, são aproximadamente 1.500 registros.
Com o aumento na demanda, o município firmou parceria e passa a contar com um
crematório. “Estamos vivendo dias muito difíceis, uma situação jamais
imaginada. E, mais do que nunca, determinei a toda minha equipe que sejamos
transparentes, motivo pelo qual passaremos a divulgar todos os dias os números
de sepultamentos, preservando ao máximo as famílias enlutadas”, disse o
prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, reforçando o pedido de isolamento
social e prevenção.
Os
números da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), que gerencia os
cemitérios, também apontam que, desde o dia 19, mais de cem enterros por dia
vêm sendo realizados, a maioria no cemitério público Nossa Senhora Aparecida,
no bairro Tarumã, zona Oeste, que adotou o sistema de trincheiras para
sepultamento, preservando a identidade dos corpos e os laços familiares.
“Pensando na dignidade das famílias enlutadas, agora contamos com o crematório,
em parceria com a iniciativa privada do município de Iranduba. A partir do
atendimento das funerárias ou do SOS Funeral, os familiares passam a ter duas
opções: sepultamento ou cremação. O corpo é encaminhado para o cemitério de
Aparecida e, caso a família assine a autorização, irá ao posto de atendimento
do crematório, localizado no próprio local, para fazer o agendamento. A urna
ficará na câmara do cemitério até o momento do deslocamento para o crematório”,
explicou o secretário da Semulsp, Paulo Farias.
Desde
o dia 9 de abril, o número de casos confirmados de Covid-19, provocada pelo
novo coronavírus, saiu de 899, com 40 óbitos, para 3.833, com 304 óbitos, até
este domingo, dia 26, conforme dados oficiais divulgados pela Fundação de
Vigilância em Saúde (FVS), do governo estadual. Outro dado que chama a atenção
é que, do quantitativo de óbitos nos últimos dias, apenas um percentual que
chega a 10% tem como causa da morte confirmada a Covid-19. Exemplo disso é que
dos 98 sepultamentos realizados no sábado, 25, somente seis foram declarados como
Covid-19. Outros 50 tiveram como causa morte síndrome ou insuficiência
respiratória e mais 21 óbitos foram registrados como causa desconhecida ou
indeterminada. Ainda nesse contexto, quatro famílias já fizeram a opção pelo
crematório, totalizando 102 atendimentos nos cemitérios públicos da capital,
desses 20 tiveram morte domiciliar.
Na
sexta-feira, 24, foram 128 enterros ocorridos, com 35 falecimentos em casa. Do
total, apenas 13 tiveram no atestado a Covid-19 como causa. Além disso, 28
óbitos tiveram como causa da morte desconhecida ou indeterminada e mais 49 por
síndrome ou insuficiência respiratória. Na quinta-feira, 23, foram no total 135
sepultamentos, com 40 óbitos em domicílios. Foram 36 mortes por causas
indeterminadas ou desconhecidas, 48 por insuficiência ou síndrome respiratória
e 12 com confirmação para Covi-19.
A
Prefeitura de Manaus adotou medidas para impedir a aglomeração de pessoas em
velórios e sepultamentos na cidade. O Decreto 4.801, publicado no Diário
Oficial do Município (DOM), disciplina os velórios e sepultamentos para pessoas
cujas mortes não foram provocadas pela Covid-19, entre elas a limitação de dez
pessoas por velório e a redução para até 2h do tempo dessas cerimônias. Ao
sepultamento, só está permitida a presença de, no máximo, cinco pessoas. No
caso de morte por confirmação ou suspeita de Covid-19, uma vez realizada a
preparação do corpo pela prestadora de serviço, esse deve seguir de imediato
para cremação ou sepultamento, sem a realização de velório; nesses casos, o cortejo
só deverá ser integrado pelo carro que conduz a urna funerária e um veículo
particular. Só três pessoas devem assistir o sepultamento. Em nenhuma hipótese
podem participar das cerimônias e sepultamentos as pessoas dos grupos de riscos
(pessoas a partir de 60 anos, diabéticos, hipertensos, asmáticos e outras
doenças crônicas) definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo
Ministério da Saúde.
Em
números
09/4 –
39 sepultamentos / 3 por Covid-
19
10/4 – 47 sepultamentos / 5 por Covid-19
11/4 –
51 sepultamentos / 10 por Covid-19
12/4 –
64 sepultamentos / 6 por Covid-19
13/4 –
58 sepultamentos / 5 por Covid-19
14/4 –
64 sepultamentos / 4 por Covid-19
15/4 –
88 sepultamentos / 7 por Covid-19
16/4 –
75 sepultamentos / 4 por Covid-19
17/4 –
96 sepultamentos / 3 por Covid-19
18/4 –
89 sepultamentos / 6 por Covid-19
19/4 –
122 sepultamentos / 6 por Covid-19
20/4 –
104 sepultamentos / 9 por Covid-19
21/4 –
136 sepultamentos / 4 por Covid-19
22/4 –
120 sepultamentos / 7 por Covid-19
23/4 –
135 sepultamentos / 12 por Covid-19
24/4 –
128 sepultamentos / 13 por Covid-19
25/4 –
98 sepultamentos / 6 por Covid-19