Vamos trazer os maiores casos já ocorridos na cidade de Manaus, alguns nunca solucionados, já outros com versões controversas. Vamos relembrar os que mais tiveram repercussões, inclusive internacional.
CHACINA EM 2017
O ano de 2017 foi marcante para o sistema prisional do Amazonas. No dia 1 e 2 de janeiro, uma guerra entre duas facções rivais terminou com 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim(COMPAJ). No dia 26 de maio do mesmo ano, outro massacre resultou em mais 55 vítimas, desta vez fruto da disputa entre presos de uma mesma facção. Juntos, os dois massacres resultaram na morte de 111 detentos. 40% dos mortos no segundo massacre eram detentos provisórios e estavam aguardando julgamento.
CASO GISELLE
Giselle Lima da Silva foi acusada e condenada a 20 anos de prisão em regime fechado pela morte da mãe, assassinada com 109 facadas no bairro Jorge Teixeira em 2012. Giselle teria matado a mãe porque esta não lhe deu dinheiro para consumir drogas. O julgamento foi marcado pela comoção dos familiares da vítima e a frieza da ré.
Segundo comentários dessa postagem, "Pequena", como Giselle é conhecida, vive em liberdade.
CASO BELOTA
Outro crime que ganhou grande repercussão foi o "Caso Belota”, que ocorreu no dia 21 de janeiro de 2013. Jimmy Roberto, Rodrigo Moraes Alves e Ruan Pablo Bruno Cláudio Magalhães foram apontados como assassinos de Maria Gracilene Roberto Belota, de 55 anos, Gabriela Belota, de 26 anos e Roberval Roberto de Brito, de 63 anos.
Jimmy Robert mandou matar o pai, a tia e a prima para ficar com a herança de 200 mil reais. Na época, a empregada doméstica da família encontrou os corpos de Maria Gracilene Roberto Belota, Gabriela Belota e o cachorro da família, da raça Yorkshire, que estava pendurado próximo da cama de uma das vítimas, dentro de um apartamento no condomínio Parque Solimões, no bairro da Raiz.
Jimmy e os outros dois assassinos estão cumprindo pena de 100 anos de regime fechado no Centro de Detenção Provisória Masculino II, localizado no quilômetro 8 da rodovia BR-174 (Manaus-Boa Vista), no mesmo presídio onde o ex-governador José Melo encontrava-se preso.
CASO DELMO
Ocorrido em 1952, é um dos casos mais históricos da capital amazonense. O estudante Delmo era suspeito de sequestrar e matar um taxista, mas acabou virando também uma vítima pela revolta causada entre os colegas do motoristas que fizeram justiça com as próprias mãos.
Foi o maior julgamento realizado em Manaus, no qual 54 homens atraíram a vítima para a morte, mas somente 27 participaram do bárbaro acontecimento (o maior processo criminal do Brasil). Esses 27 réus eram julgados como uma única pessoa: estavam englobados num mesmo drama de sangue, ódio e vingança.
Esse caso inspirou o escritor Durango Duarte a escrever um livro sobre. "Caso Delmo: O Crime Mais Famoso de Manaus" possui 376 páginas e pode ser facilmente encontrado na Internet gratuitamente.
Delmo foi assassinado antes do final das investigações e nunca souberam se ele, de fato, executou os crimes ou se havia uma terceira pessoa.
CASO FRED
O “Caso Fred” diz respeito a série de assassinatos desencadeados após a morte da universitária Danielle Damasceno, morta por Fred Fernandes Júnior, namorado da jovem.
No rol de mortes, até o pai de Fred, também de mesmo nome, funcionário público federal, foi assassinado na esquina da Rua Duque de Caxias com Ramos Ferreira. Fred (pai) tinha acabado de visitar o filho na penitenciária e ameaçava contar detalhes até então desconhecidos sobre o caso. Foi assassinado e virou mais uma das vítimas deste misterioso caso.
Fred Fernandes, o pai, foi assassinado no dia 10 de junho de 2001, com tiros de pistola calibre 40, arma de uso exclusivo das polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal.
Ao todo foram oito mortes envolvendo o caso.
Anos depois, o caso teve uma reviravolta, soldados da PM (que estão na foto) viraram réus e acabaram condenados a mais de 30 anos de prisão pela morte de Fred pai e por estarem envolvidos em outros assassinatos envolvendo esse nome.
De acordo com promotor do Ministério Público (MP), Edinaldo Medeiros, os réus Olavo Luiz Farias Paixão, Claudiney da Silva Feitoza e Ronaldo Melo da Silva citaram o coronel em seus respectivos depoimentos, alegando ainda que o filho do coronel teria envolvimento com o crime.
"Os réus, inclusive, disseram a mesma frase quando se referiram ao coronel, dizendo que ele que deveria estar no banco dos réus, alegando que estão sendo vítimas de uma armação. Eles dizem que é de interesse do coronel a condenação deles, só não souberam explicar o motivo".
Ainda segundo o promotor, o objetivo do depoimento dos réus é levantar dúvidas porém, o depoimento de uma testemunha, chave no processo, pode derrubar as alegações dos três réus. Edinaldo Medeiros disse ainda que os álibis apresentados pelos réus são contraditórios. "O Melo da Silva, por exemplo, disse que estava de serviço no batalhão, porém, a lista de presença mostra que ele não esteve lá no dia do crime, ou seja, é uma alegação forjada", afirmou o promotor.
CASO ROXANA BONESSI
Um dos feminicídios que manchou a história da nossa capital ocorreu no dia 02 de dezembro de 2002, quando o ex-capitão do exército Paulo Nelson Loureiro matou, a golpe de faca, a 2ª tenente Roxana Bonessi Cohen, na garagem da 12ª Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército. O crime cometido pelo ex-militar se deu pelo fato do mesmo não aceitar o fim do rápido relacionamento que tiveram. Paulo era casado e Roxana não queria se envolver em um relacionamento assim.
Após cometer o assassinato, o capitão pôs o corpo da oficial no porta-malas do carro e o deixou em um lixão, nas proximidades do Colégio Agrícola. Em seguida, o militar voltou à cena do crime e tentou apagar os indícios de seu ato.
Em 2003, Paulo Nelson havia sido condenado a 15 anos de prisão, em primeira instância, pela Auditoria da 12ª Circunscrição Judiciária Militar, em Manaus. Dois anos depois, em 2005, o STM deu provimento a recurso do Ministério Público Militar e decidiu majorar a pena para 25 anos.
Um monumento foi erguido em nome da Tenente Roxana Bonessi para homenagear mulheres e crianças vítimas de violência. No monumento, a Tenente está sentada em uma concha carregada por golfinhos. A homenagem está localizada no bairro São Jorge, onde residem e passam centenas de militares todos os dias, para que Roxana não seja esquecida e que a história nunca se repita.
Uma escola estadual e uma importante avenida de Manaus também receberam o nome da jovem tenente.
CASO FLÁVIO
Esse foi um dos últimos casos de grande repercussão e que percorreu nos noticiários mais importantes do país. O caso ocorreu em setembro de 2019 e se deu pelo covarde homicídio do engenheiro elétrico Flávio Rodrigues dos Santos, de 42 anos, assassinado após uma noite de bebedeiras e consumo de drogas na casa do enteado do PREFEITO DE MANAUS, Alejandro Molina Valeiko, em um condomínio de luxo na Ponta Negra. O corpo da vítima foi encontrado somente no dia seguinte nas proximidades do Igarapé do Tarumã, na Zona Oeste de Manaus, com pelo menos 4 facadas. Seis pessoas, incluindo Alejandro foram indiciados pelo crime.
Nesse ano, a Justiça do Amazonas, segundo alguns laudos periciais, confirmou que Alejandro Valeiko não matou o engenheiro elétrico e substituiu sua prisão por medidas cautelares com monitoramento eletrônico, até o fim do processo.
CASO DEUSIANE
Outro cruel feminicidio que marcou a capital manauara, foi o que ocorreu com a policial militar Deusiane Pinheiro, então com 26 anos, que foi encontrada morta na tarde do dia 1º de abril de 2015, com um disparo de arma de fogo, nas dependências da Companhia Fluvial do Batalhão Ambiental, onde ela trabalhava, no bairro Tarumã, na Zona Oeste de Manaus.
De acordo com a denúncia feita pelo promotor de Justiça Edinaldo Medeiros, Deusiane teria decidido terminar um relacionamento conturbado que teria com Elson dos Santos Brito. Em decorrência do rompimento da relação, ainda segundo o Ministério Público, o casal teria tido uma briga, resultando em sua morte.
Com a ajuda de outros PMs, o Cabo Elson encabeçou um plano de tentar fazer tudo parecer um suicídio. Essas suspeitas foram julgadas improcedentes e todos foram indiciados.
O cabo Elson dos Santos Brito é apontado como autor do disparo que matou a soldada. Os cabos Jaime Oliveira Gomes, Cosme Moura Souza, Narcízio Guimarães Neto e o soldado Júlio Henrique da Silva Gama são acusados de prestarem falso testemunho. O autor do disparo continua solto.
CASO BRUNO E EWERTON
Esse caso é de uma covardia absurda. Bruno (de camisa vermelha) era amigo da mulher do ex-PM Marcos Marques Pinheiro, que ao desconfiar do envolvimento dos dois, matou e torturou Bruno. Ewerton que estava na companhia do amigo também teve a vida ceifada.
Os crimes ocorreram no ano de 2012, quando os jovens estavam caminhando na Rua Silva Ramos no Centro e foram surpreendidos pelo ex-PM enciumado, que disparou diversas vezes atingindo os dois. Ewerton morreu ali mesmo e Bruno foi levado para uma sessão de tortura antes de ser morto. O jovem foi encontrado dias depois em um avançado estado de putrefação num terreno baldio no Distrito 2. Ambos tinham apenas 18 anos.
O ex-PM Marcos Pinheiro foi condenado a 23 anos de prisão em regime fechado.
CASO LORENA
Vocês já devem ter visto alguma hashtag com #JustiçaPorLorena, não é? Se trata de um caso ocorrido a dez anos em um condomínio nas proximidades do Parque 10 e que retornou aos holofotes esse ano com o julgamento do assassino.
Em 2010, a perita criminal Lorena Baptista entrou na triste estatística do feminicidio que assola nossa cidade. Após causar anos de violência doméstica, o ex marido de Lorena, o dentista Milton César Freire, efetuou um disparo fatal de arma de fogo contra a nuca de Lorena na presença de seu filho pequeno. Lorena relatava todos os abusos de Milton em seu diário, que serviram como prova e foram fundamentais para a condenação do dentista.
Em fevereiro desse ano, após cinco dias de júri popular, Milton César Freire foi condenado a nove anos e seis meses de prisão. É possível encontrar algumas páginas do diário de Lorena na Internet.
CASO JAIRZINHO
Ocorrido em 28 de dezembro de 1991 no bairro de São Francisco o crime marcou o fim de ano e durou até o dia 01 de janeiro de 1992, quando teve desfecho dessa história macabra.
Tratava-se de uma criança muito legre e conhecido na região, o Jair de Figueiredo Guimarães, ou simplesmente Jairzinho. Um menino muito querido por todos e que sua alegria contagiava seus vizinhos do bairro de São Francisco. Certo dia, Jairzinho desapareceu misteriosamente e todos ficaram apreensivos.
O pai do Jairzinho, que era um costumeiro beberrão, ficou muito nervoso com o sumiço do filho e agia com medo de falar aonde estava o seu filho. Sua atitude logo despertou suspeita em todos. Conforme foram percebendo que o menino não voltava pra casa, todos começaram a procurá-lo por dias e dias, até que o encontraram de uma forma inimaginável.
Certo dia, um grupo de garotos estava jogando bola nas proximidades da Paróquia, e um deles conseguiu jogar a bola para dentro do terreno da igreja. Todos ficaram apreensivos, pois o muro era alto e o único jeito de entrar lá era acessando a casa do pároco, então, um deles decidiu pular o muro para ir buscar a bola. Neste momento, ele se deparou com os restos mortais do Jairzinho.
Jairzinho havia sido estrangulado com um torniquete e o assassino ainda jogou ácido sobre o corpo dele para evitar que o cheiro forte fosse sentido por quem frequentava a igreja. Para a surpresa de todos, inclusive do pai do Jairzinho, o menino acabara de ser encontrado no quintal da igreja de São Francisco, há poucos metros da janela do quarto do frei Silvestre, o pároco à época.
Foi um espanto para todos do bairro nesse dia! Uma comoção generalizada tomou conta da multidão que se esforçava para encontrá-lo vivo. Muita gente até chorava por conta do Jairzinho. Não demorou muito para que se começassem a especular quem havia matado-o, inclusive, no início, suspeitou-se até que pudesse ter sido ritual de magia negra! Uns diziam que o pai do menino o matou como sacrifício para poder se dar bem com um bar que ele tinha para ser rico, e até hoje há quem sustente esta história.
Apesar de toda a investigação, a história sobre a morte do Jairzinho nunca ficou muito bem esclarecida. À época foram acusadas várias pessoas como suspeitas tais como: o pai do Jairzinho (Jair de Figueiredo Guimarães), o pároco (o frei Silvestre), o sr. Aristeu (um comerciante da área) e até um lanterneiro, conhecido por Afrânio Cardoso de Moraes, de 19 anos, que fazia serviços braçais perto da comunidade como limpar terreno, varrer tabernas, jardinagem, etc.
Afrânio foi preso em uma blitz de rua após ter comentado com um colega de cela que tinha sido o autor do golpe que matou Jairzinho. Levado à Delegacia, confessou que cometeu o crime a mando de Frei Silvestre, da paróquia daquele bairro.
O frei Silvestre foi ouvido pela Polícia, sendo constatado que nada havia contra ele. Porém, foi apresentado à polícia uma carta na qual o pai da criança pedia uma grande soma de dinheiro para sequestrar o próprio filho. Desconfiado, o titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Sequestros solicitou um exame grafológico, no qual foi confirmado que aquela carta fora escrita pelo pai de Jairzinho.
Jair Guimarães, negando a todo momento o crime, teve decretada a prisão preventiva, sendo levado para a Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa.
Anos depois, durante um programa de rádio chamado ‘Os Patrulheiros da Cidade’, na extinta Rádio Ajuricaba, apontava que um rapaz havia morto o Jairzinho porque seu pai o devia dinheiro.
Esse assassino confesso, disse ainda que tirou a vida do menino para provar ao pai do menino que com dívida não se brinca, e disse mais, disse que jogou o corpo atrás da igreja pra incriminar o padre.
Em 1995, o Promotor João Bosco Valente, reviu o caso, pediu o arquivamento do processo pela confusão e falta de provas.