Como forma de medida para evitar aglomerações, a Prefeitura de Manaus manteve a restrição da entrada de pessoas em cemitérios de Manaus. Segundo o órgão, a ação tomada é em razão da pandemia do novo coronavírus. Mesmo com o critério, algumas mães falecidas não deixaram de receber homenagem ao lado de fora neste domingo (10).
A determinação segue as diretrizes do decreto que regula a movimentação nos cemitérios da cidade, limitando a entrada de pessoas em sepultamentos e respeitando a recomendação de distanciamento social.
A medida vale para todos os cemitérios públicos gerenciados pela Prefeitura de Manaus. Desde o dia 11 de abril, a entrada nesses locais está restrita a até cinco pessoas, estritamente ligadas a algum sepultamento acontecendo no dia.
No Cemitério São João Batista, com mais de 100 anos de existência, durante a manhã deste domingo (10) foi possível ver um grupo de pessoas em frente ao local. Eles acenderam velas e rezaram pelas mães falecidas.
É o caso do aposentado José Alves Miranda, de 85 anos. Ele saiu de casa cedo com três caixas de vela dentro de uma sacola em direção ao cemitério. O idoso contou que realiza, com frequência, visitas ao túmulo da mãe e de uma tia que era, para ele, era uma segunda mãe. Mas, com a suspensão das visitas, ele fez uma homenagem ao lado de fora. Ele reclamou da medida.
"Rezei o pai-nosso, Ave-maria e o Glória ao pai que eu sei de cor. Isso pela minha mãe e minha tia que, juntas, cuidaram de mim. Sempre estou aqui [sendo data comemorativa ou não], mas tem um tempo que não venho por causa da proibição do prefeito, será que ele não tinha mãe?", questionou.
No mesmo cemitério, um grupo de mulheres da mesma família também acendeu velas por uma mãe que faleceu há 15 dias.
Segundo a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), o Dia das Mães é a segunda data que mais leva pessoas aos cemitérios de Manaus, só perdendo para o movimento do Dia de Finados. Pela estimativa da Semulsp, mais de 60 mil pessoas visitaram os espaços no Dia das Mães, no ano passado. O Dia de Finados costuma movimentar mais de 500 mil pessoas.
“É essencial evitar muito movimento e aglomeração. O Dia das Mães, historicamente, é um dia de muita visitação, o que não desejamos no momento”, disse o titular da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), Paulo Farias, por meio da assessoria de imprensa.
O cemitério Santa Helena, localizado no bairro São Raimundo, Zona Oeste de Manaus, diferente do ano anterior que recebeu milhares de pessoas no dias das mães, neste domingo (10), o local amanheceu com os portões fechados e uma placa da Prefeitura de Manaus que informava sobre a suspensão das visitas.
O Cemitério Parque Tarumã, na Zona Oeste de Manaus, onde estão sendo enterradas os mortos de Covid-19, também suspendeu às visitas neste dias das mães. No local foi possível apenas constatar a chegada de carros funerários para sepultamos.
Acostumados a faturarem uma boa renda no dias das mães, floristas que trabalham em frente aos cemitérios de Manaus comentaram sobre a queda que houve nas vendas deste ano. A vendedora Mayara Guimarães, de 24 anos, trabalha há cerca de 15 anos com a família em frente ao cemitério Parque Tarumã. Para ela, sem o público, este ano está sendo complicado.
"As vendas caíram bastante, como esperado por conta da pandemia. Então, não estamos obtendo muito retorno neste dia das mães. Como proibiram as visitas hoje, não vendemos quase nada. Começamos a trabalhar às 6h, agora são 10h e conseguimos apenas R$ 50. Em outro ano, esse horário, já teríamos faturado bem mais", disse.
Segundo último boletim epidemiológico divulgado neste sáabdo (10) pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), o número de casos de Covid-19 no Amazonas subiu para 11.925. O mesmo boletim aponta, ainda, que, nas últimas 24h, mais 88 mortes pela doença foram contabilizadas. Agora, já são 962 pessoas que morreram com a doença no Estado.